Termelétricas e geração de empregos

sábado, 25 de março de 2017

"Sábio é aquele que não se aflige com o que lhe falta e se satisfaz com o que possui."  -  Demócrito (460 AEC - 370 AEC)


A geração de empregos na implantação de termelétricas a gás natural tem duas fases. O processo é bastante parecido na construção de termelétricas a gás, carvão e óleo. Estes últimos dois combustíveis, no entanto, estão caindo em desuso, porque têm grande impacto ambiental e pela disponibilidade de gás procedente do pré-sal.

Na primeira fase, a da construção, são gerados em média de 800 a 1.500 empregos diretos, dependendo da capacidade de geração do empreendimento. O período de construção pode se estender por um e meio a dois anos e meio. Estes números são bastante parecidos no mundo todo, seja nos Estados Unidos, Europa, Ásia e Brasil.

A construção é geralmente executada por empresas especializadas em diversas áreas (engenharia, construção, montagens, fornecedores de equipamento, etc.), coordenadas por uma empresa gerente do projeto. Esta pode ser uma empresa só ou um grupo de empresas associadas. Outras vezes a construção e o gerenciamento é feito por uma só empresa.

A mão de obra utilizada por estas empresas é, em grande parte, especializada e formada por profissionais empregados nestas empresas. Pode ocorrer também que a empresa-gerente do projeto ofereça treinamento profissional para trabalhadores da região onde será implantado o projeto. O número destes trabalhadores contratados localmente, no entanto, é reduzido. Esta prática é bastante comum em projetos nos Estados Unidos e em alguns projetos no Brasil.

Para cargos que necessitam de mais conhecimento, neste caso os engenheiros de operação da usina e outros, é oferecido treinamento específico - às vezes na sede do fabricante do equipamento. Para um projeto de termelétrica implantado no Sul do país, por exemplo, os engenheiros da empresa-gerente do projeto receberam treinamento na matriz do fabricante da usina, na China.

Terminada a obra, os 800 a 1.500 trabalhadores são deslocados para outro lugar, onde seu empregador tem um outro projeto em andamento. Alguns destes trabalhadores acabam permanecendo na cidade, onde o projeto foi implantado. Muitas vezes, sem local para morar, acabam se estabelecendo em áreas públicas.

Em sua fase de operação, uma usina termelétrica não demanda grande quantidade de funcionários. Como exemplo podemos considerar o caso de uma usina de 360 MW nos Estados Unidos, que opera com 27 pessoas. Uma outra usina, com capacidade de 900 MW, denominada "Magnolia energy project", na cidade de Ashland, no estado do Mississipi, opera com 25 funcionários. Estes são só dois exemplos do que ocorre nos EUA, país que detêm o maior número de usinas termelétricas. No Brasil, um dos exemplo é o da usina UTE Norte Fluminense, localizada em Macaé, com capacidade de 780 MW, opera com 44 empregados.

Provavelmente este número de empregados não incluei os terceirizados - segurança, limpeza e eventual manutenção - que pode envolver mais 20 a 40 trabalhadores.
Portanto, na melhor das hipóteses uma usina termelétrica pode gerar cerca de 50 empregos diretos (melhor pagos) e mais 50 indiretos. Muito pouco pelo imenso impacto ambiental e social do projeto.

Por outro lado, há que se considerar as obras de infraestrutura e de segurança a serem construídas e mantidas pela cidade, para abrigar um empreendimento desta monta. Hospital com médicos e leitos adicionais para queimados; corpo de bombeiros devidamente equipado para emergências como incêndios e explosões; obras de infraestrutura viária, entre outros. São despesas que terão que ser custeadas pela administração da cidade, em parte com a receita adicional de impostos.

Sob aspecto de geração de empregos, uma termelétrica pode não ser um bom negócio. Mesmo que consideremos os empregos indiretos - eventuais fornecedores de serviços e equipamentos - estes serão muito poucos, já que grande parte é suprido por empresas especializadas.

(Cogita-se a construção de uma termelétrica a gás na cidade de Peruíbe. O impacto sobre a vida do município - cuja qualidade do ar é um dos melhores do mundo - será muito grande)
(Imagem: termelétrica)

A questão da cultura

sábado, 18 de março de 2017

A questão da cultura

A cultura como uma estrutura invisível, mas perceptível que está presente, "fundamenta" uma sociedade. Sociedades mais novas, como a brasileira, devem ter uma estrutura cultural mais "tênue" mais fraca ou menos estruturada, do que, por exemplo, uma cultura indiana ou chinesa.

Nestas, as pessoas convivem em uma "base cultural comum" há mais de dois mil anos. Mas, o que distinguiria uma "base cultural comum" de outras? Seria possível "medir" esta estrutura cultural e identificar-lhe as diferenças entre uma cultura e outra?

Outra questão: como entraria nesta equação a cultura de massa? Até que ponto a globalização tem feito um "mix" de diversas culturas?

Ainda com relação a isso, o que é comum na "cultura global"? O que cada cultura tomou para si da cultura global, incorporando-a à sua? E esta "cultura transplantada" ainda permanece global ou se tornou caracteristicamente local?

Em suma, o que é essa "teia", esse meio que tudo permeia chamado de cultura, no qual nos movemos ou que se move em nós, se considerarmos a teoria dos memes?
(Imagens: tabuinhas cuneiformes da Babilônia)

Newsletter março/abril/maio 2017

sábado, 11 de março de 2017



(publicado originalmente no site www.ricardorose.com.br)

Estamos na quarta-feira de Cinzas e muitos, seguindo a velha tradição brasileira, dizem que a partir de agora o ano de 2017 vai começar. Aquele mesmo ano que em final de 2016 muitos queriam pular.

Na macroeconomia aos poucos o país começa a tomar uma direção. No primeiro mês do ano a inflação já caiu para índices abaixo da meta, os juros também começam a diminuir e algumas reformas planejadas pelo governo começam a avançar. Mesmo assim, o ritmo ainda é muito lento, nada que possa trazer alento para os mais de 12 milhões de desempregados (oficiais) do país. Apesar das declarações do ministro da Fazenda Henrique Meirelles, de que ao final de 2017 a economia estaria crescendo a 2%, o Brasil ainda tem muitos obstáculos pela frente.

Na política avançam as investigações da Lava Jato e a publicação dos nomes dos políticos citados nos depoimentos da investigação é esperada com grande expectativa. O Supremo Tribunal Federal ainda continua ocupando um espaço excessivo na política nacional, o que tem desagradado o Legislativo e diversos segmentos da sociedade civil.

No setor do meio ambiente começamos o ano com notícias desalentadoras. Pressionado por parlamentares da região amazônica que defendem interesses do agronegócio, Temer deve apresentar proposta ao Congresso que reduzirá as áreas das Unidades de Conservação (UCs) já demarcadas na região. Segundo cálculos haverá uma redução de 2,7 para 1,7 milhão de hectares da área sob proteção, uma redução de cerca de 65%. Ao mesmo tempo, o governo noticia através do Ministério do Meio Ambiente que pretende aumentar o número de UCs federais no país, que atualmente totalizam 327 unidades.

A novela do acidente com a barragem em Mariana continua sem desfecho aceitável. A empresa Samarco havia sido condenada a depositar R$ 1,2 bilhão na Justiça, como parte do pagamento pelos danos causados pelo rompimento de sua barragem em 2015. Agora, em janeiro, a justiça federal suspendeu o pagamento por tempo indeterminado. Depois de deixar de pagar por três vezes valores devidos determinados pela Justiça, a empresa é premiada com a prorrogação da multa por prazo indeterminado. As idas e voltas do processo, sem apresentar qualquer decisão definitiva, faz com que também neste caso a Justiça acabe perdendo a credibilidade frente à população local e a opinião pública em geral. Mais uma vez está se dando mostra de que no Brasil qualquer crime acaba compensando.

A novidade no setor de saneamento é que há poucos dias o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) publicou seis editais de licitação para contratação de serviços técnicos especializados para a estruturação de projetos de participação privada em projetos de saneamento nos estados do Amapá, Alagoas, Maranhão, Pará, Pernambuco e Sergipe. Segundo o banco, 18 estados manifestaram interesse em estruturarem licitações públicas para projetos de saneamento em seus municípios. Sem recursos para investimento, estados e governo federal - ou até prefeituras - precisam encontrar soluções para definitivamente oferecerem serviços de tratamento de água e de esgoto mais eficientes à população.

Quanto à Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) os preparativos, tanto no setor privado quanto no público avançam a passos lentos. Continuam as realizações de seminários, palestras e workshops, que apontam pequenas avanços aqui e ali. O grosso das prefeituras, no entanto, continua deitado em berço esplêndido, não se preocupando com o assunto. Ignoramus.

(Imagem: pintura de Henry Rousseau)

Albert Caraco, filósofo do caos

sábado, 4 de março de 2017
"Eu nasci para mim mesmo entre 1946 e 1948, foi então que abri meus olhos para o mundo, até este momento era cego." Albert Caraco, pensador e escritor

As primeiras três décadas do século XX foram um período de grandes movimentos sociais, econômicos e culturais. Depois da guerra entre a Rússia e o Japão (1905), ocorreu uma série de eventos catastróficos que moldaram a história do século XX (e também do século XXI): a Primeira Grande Guerra (1914-1918), a Revolução Russa (1917), a quebra da bolsa de Nova York (1929); dando início a uma grave crise econômica que afetou o mundo por vários anos e contribuiu para a ascensão do nazismo (1933).

No campo da ciência, os avanços construíram a base da tecnologia eletrônica dos nossos tempos: a teoria Quântica, criada por Planck em 1900 e desenvolvida ao longo das primeiras décadas do século XX por outros cientistas; a teoria da Relatividade (1915) por Einstein e o Princípio da Indeterminação (1927) por Heisenberg. 

Nas artes a criatividade também foi muito grande: Expressionismo, Fauvismo, Cubismo, Futurismo, Abstracionismo, Dadaísmo e Surrealismo, entre os principais movimentos. Compositores como Schoenberg e Stravinsky revolucionavam a música, enquanto que intelectuais como Husserl, Durkheim, Russel, Heidegger, Tönnies, Scheler, Wittgenstein, Weber, Simmel, Dewey, Pareto, Ortega y Gasset, Whitehead e Sartre, foram alguns dos pensadores que ditavam novos rumos na filosofia e sociologia. 

Um mundo em ebulição. No meio de toda esta agitação cultural e social, ocorria a movimentação de milhões de pessoas das regiões rurais para as cidades. O velho ditado medieval alemão "Stadtluft macht frei nach Jahr und Tag" (O ar da cidade torna livre depois de ano e dia) concretizava-se para aqueles que ainda viviam no campo (as primeiras grande migrações para as cidades ocorreram na segunda metade do século XIX) e queriam participar da vida agitada das cidades. Ao mesmo tempo, grandes contingentes humanos, sem oportunidades nas cidades afetadas pela crise econômica, emigravam do continente europeu para as Américas, principalmente os Estados Unidos. 

Foi nesse ambiente que nasceu Albert Caraco. Filho de José Caraco e Elisa Schwarz, judeus sefarditas, Albert veio ao mundo em Istambul, em 8 de julho de 1919. A família Caraco viajou muito pelo Europa, passando por Viena, Praga e Berlim, para se estabelecer em Paris. Foi lá que Albert se graduou na École des Hautes Études Commerciales (Escola de Altos Estudos Comerciais) em 1939. Pressentindo o perigo do nazismo se alastrando na Europa, José Caraco toma a família e deixa Paris em direção à América do Sul, passando por Honduras, Brasil (Rio de Janeiro) e Argentina, estabelecendo-se no Uruguai. Lá a família se converte ao catolicismo e passa a morar em Montevidéu.

A permanência em tantos países durante sua infância e juventude fez com que Albert Caraco falasse e escrevesse alemão, francês, inglês e espanhol, o que lhe proporcionou acesso a grande parte da produção cultural desta línguas. Assim, ainda morando em Montevidéu, Albert Caraco publica peças de teatro e coleções de poemas. Em 1946, terminada a Guerra, a família volta para Paris, onde Albert Caraco permanecerá até o final da vida. 

Em Paris Caraco não exercia nenhuma atividade profissional, vivendo dos recursos da família. Também não se tem notícias de qualquer ligação sentimental que tivesse tido ao longo de sua vida. Era dedicado aos pais, principalmente a mãe, que chamava de "Señora Madre" em seus escritos. Levava vida regrada, dedicando seis horas por dia aos seus escritos - sua colossal obra até hoje não foi editada completamente. Depois de voltar a Paris, Caraco abriu mão do catolicismo ao qual havia se convertido junto com seus pais e voltou ao judaísmo. Em seus escritos declara-se ateu, nutrindo, no entanto, uma admiração pelo misticismo, a exemplo de seu contemporâneo em Paris, o filósofo romeno Emil M. Cioran (1911-1995). 

O sofrimento e a morte por câncer de sua mãe, "Señora Madre", o marcou profundamente. Tanto, que escreveu um livro, Post Mortem, descrevendo o desenvolvimento da doença e o efeito que o processo causava sobre ele. Mais tarde, no dia 7 de setembro de 1971, alguns dias depois da morte de seu pai, Caraco aos 52 anos dava cabo de sua própria vida, como já havia comunicado anteriormente a um editor.

Albert Caraco não foi um filósofo acadêmico, e talvez seja esta a grande característica de seu pensamento. O conteúdo único de suas obras, suas análises e críticas, caracterizam um pensamento filosófico peculiar. A maior parte da obra mais conhecida de Caraco foi publicada após sua morte. Apesar de ter produzido material bastante variado, formado por peças de teatro, poesias, ensaios filosóficos, meditações sobre arte e sociedade, diários e artigos diversos, Caraco sempre continuou ignorado pelo grande público. Mesmo na França, país onde lançou parte de seu trabalho, o autor é pouco conhecido, até mesmo no meio universitário. 

Pessimista e acusado de misógino e racista, Caraco reuniu em seus textos todas as contradições de sua época. Criticava um mundo que caminhava para a superpopulação e a destruição dos recursos naturais, guiado por governantes cegos e cínicos, que se utilizavam de falsas ideias para iludir as massas. Com relação a essas, criticava a situação do homem comum, atomizado e ao mesmo tempo massificado, tornado engrenagem de uma máquina imensa, da qual a finalidade lhe é desconhecida.

Partindo de pontos comuns às filosofias de Nietzsche (1844-1900), Schopenhauer (1788-1860) e Mainländer (1841-1876), entre outros, Caraco desenvolveu uma filosofia da indiferença, partindo dos temas clássicos do niilismo europeu. Um dos aspectos de sua obra é a análise e crítica de toda a hipótese explicativa das origens do universo; caos, absoluta indiferença, nada. Caraco analisou as consequências deste "nada" na sociedade, na arte, na política, na condição humana. Recusava as explicações religiosas - apesar de respeitar a espiritualidade -, qualquer forma de transcendência, toda forma de ordem. Estava preocupado com as catástrofes, a morte, a corrupção e a decadência e não tinha nenhum tipo de fé no progresso e na modernidade, ao contrário. Caraco sempre foi um grande demolidor destes mitos. Devido à estranheza de suas ideias, somente uma pequena parte das obras do pensador foram traduzidas para outras línguas, além do francês.

O pessimismo de Caraco fez com que algumas vezes fosse chamado de "Heresias de Cirene moderno". Heresias, pensador nascido na cidade de Cirene no século III AEC, argumentava que a felicidade é impossível de alcançar e que o objetivo da vida era evitar dor e tristeza. Para o filósofo, valores convencionais como riqueza, pobreza, liberdade e escravidão, são todos indiferentes e não produzem mais prazer do que dor. Heresias, provavelmente influenciado por missionários budistas que conheceu ao longo de sua vida, provocou vários suicídios por causa de sua doutrina, tendo sido proibido de ensinar.

Em seus escritos Caraco externou várias vezes a ideia de que nada no mundo merece ser salvo; nem a arte que degenerou em produto de consumo e embrutecimento das massas; nem a religião que além de fazer o mesmo também instrumentaliza as massas; nem a política e a economia, que levaram milhões de pessoas à morte e à miséria. 

As obras mais famosas de Caraco são Bréviaire du chaos (lançado postumamente em 1982) e Post mortem (lançado em 1968). Pelo que pudemos pesquisar, são estas as únicas obras do autor traduzidas para outras línguas; a primeira para o espanhol e o turco e a segunda somente para o espanhol. Outras obras escritas por Caraco e já lançadas, incluem:

1941. Inès de Castro (suivi de) Les martyrs de Cordoue. Rio de Janeiro : Livraria Geral Franco Brasileira. 173 p. (Deux tragédies classiques. La couverture porte : Editions Bel-Air).
Curiosamente, este livro consta como tendo sido lançado na cidade de Rio de Janeiro. Não conseguimos encontrar informações sobre qual foi o período de permanência da família Caraco na cidade. 

1942. Le cycle de Jeanne d’Arc (suivi d’un choix de poèmes). Buenos Aires : Argentina Aristides Quillet. (Plaquette illustrée par l’auteur).

1942. Le mystère d’Eusèbe, illustré par l’auteur. Buenos Aires : Argentina Arístides Quillet. 187 p.

1942/43. Contes. Retour de Xerxès. Buenos Aires : Argentina Aristides Quillet. 303 p. (Colophon daté 1942. Contes symboliques, fantastiques et philosophiques illustrés par l’auteur).

1949. Le livre des combats de l’âme. Paris : E de Boccard. 235 p. (Recueil de poèmes mystiques. Prix Edgar Poe, Paris).

1952. L’école des intransigeants : Rébellion pour l’ordre. Paris : Nagel. 289 ou 291 p. (Maximes morales).

1952/53. Le désirable et le sublime : phénoménologie de l’Apocalypse. Neuchâtel : A la Baconnière. 395 p. (Somme philosophique. Copyright 1952, imprimé en 1953). Rééd. Lausanne : L’Age d’Homme, 1978 ou 1979, 395 p.

1957. Foi, valeur et besoin. Paris : E de Boccard. 241 p.

1957. Apologie d’Israël, 1 : Plaidoyer pour les indéfendables. Paris : Fischbacher. 202 ou 203 p. Rééd. Lausanne : L’Age d’Homme, 2004, avec La marche à travers les ruines et Colonne d’ombre, colonne de lumière, 323 p.

1957. Apologie d’Israël, 2 : La marche à travers les ruines. Paris : Fischbacher. 205 ou 211 p. Rééd. Lausanne : L’Age d’Homme, 2004, avec Plaidoyer pour les indéfendables et Colonne d’ombre, colonne de lumière, 323 p.

1963. Huit essais sur le mal. Neuchâtel : A la Baconnière. 370 p. Rééd. Lausanne : L’Age d’Homme, 1976 ou 1978, 370 p.

1965. L’art et les nations : la physique des styles. Neuchâtel : Ed. de la Baconnière. 333 p. Rééd. Lausanne : L’Age d’Homme, 1979, 333 p.

1966. Le tombeau de l’histoire. Neuchâtel : La Baconnière. 605 p. Rééd. Lausanne : L’Age d’Homme, 1976, 604 p.

1967. Le galant homme : un livre de civilité. Neuchâtel : A la Baconnière. 343 p. Rééd. Lausanne : L’Age d’Homme, 1979, 341 p.

1967. Les races et les classes. Lausanne : L’Age d’Homme. 413 p.

1968. Post mortem. Lausanne : L’Age d’Homme. 119 p. (La Merveilleuse Collection, 13). Rééd. sous le titre Madame Mère est morte, (Paris) : Lettres Vives, 1983 ou 1984, xiii-110 p. (Coll. Entre 4 yeux, préface Michel Camus). Repris sous le titre original en fin de volume du Semainier de l’agonie, 1985.

1968. La luxure et la mort : relations de l’ordre et de la sexualité. Lausanne : L’Age d’Homme. 257 p.

1970. L’ordre et le sexe. Lausanne : L’Age d’Homme. 272 p. (Préfaces en anglais, allemand, espagnol et français).

1974. Obéissance ou servitude. Lausanne : L’Age d’Homme. 403 p.

1975. Ma confession. Lausanne : L’Age d’Homme. 260 p.

1975. La France baroque. Lausanne : L’Age d’Homme. 245 p.

1975. Simples remarques sur la France. Lausanne : L’Age d’Homme. 168 p.

1976. L’homme de lettres : un art d’écrire. Lausanne : L’Age d’Homme. 293 p.

1982. Bréviaire du chaos. Lausanne : L’Age d’Homme. 126 p. (Collection Le bruit du temps). Rééd. Lausanne : L’Age d’Homme, 1999, 126 p. (coll. Amers, 1)

1982. Essai sur les limites de l’esprit humain. Lausanne : L’Age d’Homme. 257 p.

1983. Supplément à la « Psychopathia sexualis ». Lausanne : L’Age d’Homme. 174 p. (Collection Le bruit du temps)

1984. Ecrits sur la religion. Lausanne : L’Age d’Homme. 346 p.

1985. Le semainier de l’agonie : le semainier de 1963, suivi de Post mortem. Lausanne : L’Age d’Homme. 329 p.

1994. Abécédaire de Martin-Bâton. Lausanne : L’Age d’Homme. 156 p. (Coll. La Fronde).

1994. Semainier de l’incertitude. (Lausanne) : L’Age d’Homme. 202 p.

2001. Semainier de l’an 1969 : du 10 mars au 27 juillet. Lausanne : L’Age d’Homme. 157 p.

2004. Apologie d’Israël. Lausanne : L’Age d’Homme. 323 p. (Contient une réédition de Plaidoyer pour les indéfendables et de La marche à travers les ruines (1957) et la première édition de Colonne d’ombre, colonne de lumière).

Abaixo, algumas citações do filósofo, extraídas de algumas de sua publicações:

"Quanto mais eu fico velho, tanto mais a Gnosis fala à minha razão. O mundo não é ordenado por uma Providência, é intrinsecamente mau, profundamente obscuro, e a Criação é o sonho de um intelecto cego ou o jogo de um Princípio sem moral." (Ma Confession)

"...O Nada ou a História; temos que escolher entre duas alternativas, mas a segunda é muito frequentemente uma agonia perpétua e o Nada parece preferível... A Graça parece estar excluída, mas apesar da lógica, não é impossível que nos aconteça a Graça cair em uma linha vertical, abrindo um buraco entre nós e o atemporal, nós que estamos à mercê do rio no qual flutuamos." (Le Tombeau de l' Histoire)

"As cidades que habitamos são as escolas da morte, porque são desumanas. Cada uma se converteu em centro de boato e mau cheiro, cada uma convertida em caos de edifícios, onde nos empilhamos em milhões perdendo nossas razões de viver. Infelizes sem remédio, nos sentimos, querendo ou não, expostos aos labirintos do absurdo, do qual não sairemos a não ser mortos, porque nosso destino é sempre o de nos multiplicarmos, com o único objetivo de parecermos inumeráveis. A cada volta da roda, as cidades que habitamos avançam imperceptivelmente umas contra as outras, aspirando a confundirem-se. É uma mancha em direção ao caos absoluto, no ruído e no mau cheiro." (Breviario del caos)

"Quando quiserem saber quais foram nossos verdadeiros deuses, deverão julgar-nos segundo nossas obras e nunca segundo nossos princípios. Então não nos envergonharemos em responder e dizer que não nos permitiram dizer e nem sequer pensar: "Adorávamos a loucura e a morte". Na realidade, já não adoramos outra coisa, no entanto não podemos reconhecê-lo, porque a loucura e a morte são o fim das religiões reveladas, e estas religiões as contêm em potência, a começar pela cristã. Colocamos a morte e a loucura sobre os altares..." (Breviario del caos)

"Nossos intelectuais não sabem mais do que representar e nossos religiosos não sabem mais do que mentir. Nenhum sonha com repensar o mundo, nenhum nos propõe formas de examinar as evidências. Todos querem fazer carreira e é admirável a capacidade com a qual se utilizam uns dos outros, sem jamais ferirem as conveniências." (Breviario del caos)

"A catástrofe é necessária, a catástrofe é desejável, a catástrofe é legítima, a catástrofe é providencial. O mundo não se renova de outra maneira e se o mundo não se renova, deverá desaparecer com os homens que o infectam. Os homens se propagaram sobre o universo como uma lepra e quanto mais se multiplicam, mais o desnaturam. Creem servir aos seus deuses tornando-se mais inumeráveis. Seus comerciantes e sacerdotes aprovam sua fecundidade; uns porque os enriquece, os outros porque se lhes acreditam." (Breviario del caos)

"O mundo que habitamos é duro, frio e sombrio, injusto e metódico. Seus governos são imbecis patéticos ou grandes perversos. Nenhum deles está mais de acordo com esta época, estão superados. Sejam pequenos ou grandes, sua legitimidade parece inconcebível e o poder não é mais que um poder protocolar, um mal menor ao qual nos resignamos." (Breviario del caos)

"Pois vamos morrer com nossas obras e por nossas obras." (Breviario del caos)

"Nossos inimigos são aqueles que nos falam de esperança e nos anunciam um futuro de trabalho e paz, onde nossos problemas se resolverão e nossos desejos se realizarão." (Breviario del caos)

"Quando cada qual tem razão, tudo está perdido, tudo se torna permitido e possível; é a hora trágica por excelência e esta é a nossa." (Breviario del caos)

"Se os homens não esperassem nada, sua sorte não seria a mesma. Se os homens não acreditassem em nada, sua condição talvez mudasse. Assim a esperança e a fé só aumentam seus males, mas fazem felizes os seus amos." (Breviario del caos)

"Me contento com o Deus dos filósofos. Eu mesmo sou uma pessoa e não busco nada fora de mim. Consinto em minha morte eterna e a ideia de salvação me parece um delírio; ser salvo é uma violação metafísica." (Post mortem)

Fontes consultadas:

http://albert-caraco.blogspot.com.br/p/bibliographie.html

http://illusioncity.net/albert-caraco/
http://p2.storage.canalblog.com/25/21/1366039/111029471.pdf
https://archive.org/details/caracoca 
http://albert-caraco.blogspot.com.br/p/bibliographie.html
Caraco, Albert. Post mortem. México, D.F. Editorial Sexto Piso: 2006, 119 p.
Caraco, Albert. Breviario del caos. Madrid. Editorial Sexto Piso: 2004, 128 p.

Para aqueles interessados na obra de Albert Caraco, existe uma versão em PDF do Bréviaire du chaos (em francês) disponível em: (https://ia601403.us.archive.org/2/items/caracoca/caracoca.pdf)

Texto, traduções e adaptações: Ricardo E. Rose
(Imagem: fotografia de Albert Caraco)