Lima Barreto

sábado, 25 de novembro de 2017

(publicado originalmente na página da Academia Peruibense de Letras no Facebook)


Afonso Henriques de Lima Barreto (1881-1922), Lima Barreto, foi jornalista e um dos maiores escritores brasileiros. Escreveu romances, contos, sátiras e crônicos em muitos periódicos de sua época. Filho de uma escrava e de um madeireiro português, foi estudante esforçado, além de autodidata, chegando a ingressar na escola de engenharia do Rio de Janeiro. O alcoolismo, associado a outros problemas de saúde, fazem com que faleça em decorrência de um colapso cardíaco aos 41 anos.

Um dos maiores estilistas da literatura portuguesa, deixa obras como: Recordações do escrivão Isaías Caminha, O triste fim de Policarpo Quaresma, além de inúmeros contos e artigos, publicados na imprensa e resgatados postumamente. Famoso é seu conto O homem que sabia javanês. Espírito crítico, mordaz e dotado de grande cultura, Lima Barreto era um grande opositor do governo e da cultura do Rio de Janeiro (e do Brasil) de seu tempo.

De Lima Barreto, apresentamos excertos de algumas crônicas, publicadas no volume Crônicas Escolhidas (Editora Ática, 1995):

É de uso que nas sobremesas , se façam brindes em honra ao aniversariante, ao par que se casa, ao infante que recebeu as águas lustrais do batismo, conforme se tratar de um natalício, de um casamento ou batizado. Mas, como a sobremesa é a parte do jantar que predispõe os comensais a discussões filosóficas e morais, quase sempre nos festins familiares em vez de trocarem ideias sobre a imortalidade da alma ou o adultério, como observam os Goncourts, ao primeiro brinde se segue outro em honra à mulher, à mulher brasileira. (A mulher brasileira)

O carnaval é a expressão da nossa alegria. O ruído, o barulho, o tantã espancam a tristeza que há nas nossas almas, atordoam-nos e nos enchem de prazer. Todos nós vivemos para o carnaval. Criadas, patroas, doutores, soldados, todos pensamos o ano inteiro na folia carnavalesca. A zabumba é que nos tira do espírito as graves preocupações da nossa árdua vida. (O morcego)

Eu não sei que mania se meteu na nossa cabeça moderna de que todas as dificuldades da sociedade se podem obviar mediante a promulgação de um regulamento executado mais ou menos pela coação autoritária de representantes do governo. (Conhecem?)

(Imagem: fotografia de Lima Barreto)

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